21.4.08
Artigo Revista Hystrio
25.2.08
Sobre "dos joelhos para baixo"
Partindo de um desenho nascido no ATL da escola n°6 de Campo de Ourique em que os traços do lápis foram apagados pela borracha, notei que apagar sem deixar marcas era impossível. Passei, depois deste episódio, um ano a desenhar. O que fazia era seleccionar um momento do dia que tivesse tido lugar num espaço específico e desenhar os percursos que eu e outras pessoas tínhamos feito nesse lugar. Assim, para que nos pudéssemos movimentar no papel era necessário apagar-nos e redesenhar-nos noutra zona da folha. Notei que os percursos e os movimentos das pessoas no desenho podiam ser reconstruídos pelo rasto que era deixado ao apagar. Coloquei esta questão em cena, passando do suporte folha de papel ao suporte espaço.
Márcia Lança
Ficha Artística e Técnica
Criação e Interpretação _ Márcia Lança
Colaboração Artística _ Iuri Albarran e Tiago Hespanha
Música e Desenho de Som _ Nuno Morão
Desenho _ Márcia Lança
Fotografia _ Iuri Albarran
Residência Artística _ Espaço do Tempo, Montemor-o-Novo e Atelier Re.al*, Lisboa
Produção _ Sérgio Parreira - VAGAR
Difusão _ Sofia Campos - SUMO
Duração _ 30 minutos
Público _ > 8 anos
Finalista do Programa Jovens Artistas Jovens
Biografias
MÁRCIA LANÇA
Nasceu em Beja em 1982. Estuda Antropologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Lisboa. Em 2006 é finalista do Programa Jovens Artistas Jovens com o solo dos joelhos para baixo. Destaca o trabalho de intérprete com os coreógrafos João Fiadeiro (Existência e Para onde vai a luz quando se apaga?), Cláudia Dias (co-criação de 3 Figuras do Excesso, colaboração em Visita Guiada e interpretação em Das Coisas Nascem Coisas). Colaborou em 2005/06 com Olga Mesa no Pôle Sud em Estrasburgo. Inicia a sua formação em Artes do Espectáculo no Chapitô (1999/02). Da formação em dança destaca ex.e.r.ce 05 do CCN de Montpellier, o curso básico de Análise do Movimento, pelo IAM (2004) o Curso de Dança Contemporânea e Pesquisa de Movimento na SNDO de Amesterdão (2003), o Curso de Pesquisa e Criação Coreográfica no Fórum-Dança (2002) e a formação contínua no C.E.M. (2001/04). Estudou Voz no Conservatório Regional do Baixo Alentejo (1998/99) e desenvolveu composição vocal com Francisco D’Orey, Catherine Rey, Meredith Monk e Lúcia Lemos.
IURI ALBARRAN
Nasceu em Lisboa em 1981. Licenciou-se em Sociologia na Faculdade de ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa em 2005. Em 2001 estudou na Universidade de Paris 8. Durante esse período colaborou nas curtas-metragens Perto de Pedro Pinho e Lécher Vitrines de Mar Fazenda. Entre 2002 e 2005 foi investigador em projectos no âmbito da sociologia da saúde e dos comportamentos de risco no Centro de Estudos Fórum Sociológico e posteriormente, um estágio profissional de fotojornalismo no Diário de Noticias. Actualmente trabalha como assistente de fotografia com o fotógrafo Kenton Thatcher.
Agradecimentos
Ana Rita Costa, Andrea Brandão, António Lança, Bruno Caracol, Cláudia Dias, Cristina Cartaxo, Giacomo Scalisi, Lluis Ayet, Mafalda Oliveira, Marie Mignot, Meninos e Meninas do ATL da escola n°6 de Campo de Ourique, Natália Lança, Ninho de Víboras, Nicolas Duquerroy, Observatório Critico dos Jovens Artistas Jovens, Pedro Pires, Raphäel Michon, Sofia Campos, Tiago Lança.
Na Imprensa
“Os vencedores
Márcia Lança de Lisboa, venceu com “O traço e a ausência”, um projecto de dança, mas que desafia a definição. A sua proposta é pertinente e madura tanto no nível de rigor e coerência da interpretação, como no género do espectáculo que se insere numa clara corrente contemporânea, mais dada às artes dos trabalhos manuais e ao pormenor. Um trabalho de minúcia e sensibilidade de construção em papel, com sentido critico e humor”.
Galhoz, C. Retrato do artista enquanto jovem. Expresso. Lisboa.
“Miguel Bonneville e Márcia Lança são dois nomes da novas geração de criadores de dança que se movem em territórios de difícil categorização. Raramente dançam. O desafio para o espectador, no caso destes autores, é olhar para o que propõem como projectos artísticos singulares. Trata-se do afirmar de territórios e identidades artísticas que traduzem o desejo de comunicar uma inquietação ou de experimentar o desafio da imaginação criativa. O resultado – as peças que apresentam – pode concretizar-se em diferentes «media» ou linguagens e organiza-se a partir da combinação de imagens, fragmentos de narrativas, estruturadas numa lógica pessoal, que raramente compõem uma narrativa linear – antes sugerem ao espectador que, a partir da forma como se relaciona com tudo o que é apresentado, construa a sua história e seja também ele (o espectador) um pouco autor da peça. (...)
Galhoz, C. Novos Mundos. Expresso. Lisboa. 19 Maio 07. Actual, p.36.
“Estreia pessoal da coreógrafa portuguesa
Um mundo onírico de papel assinado por Márcia Lança
Bellini, B. e Oliva, L. Onirico mondo di carta firmato da Márcia Lança. Jornal do Vie Scena Contemporanea Festival. Modena. 15 Outubro 07.
“A crua delicadeza de um mundo de papel
(…) No perímetro escuro do espaço cénico, simples fontes de luz, iluminam, moderada e alternadamente, a lenta construção de uma pequena cidade de papel, na qual alguns homens entram em acção pela mão de Márcia Lança. Outros objectos e alguns simples elementos como água, fogo ou areia concorrem com o misturar das existências deste pequeno povo branco apontando-lhe o destino com um realismo cru. A performance de Márcia Lança encanta pela simplicidade mas, sobretudo, por uma dimensão crítica que consegue impor-se com uma eficácia clara e uma violência subtil. A nossa existência, privada e social, é questionada com essencialidade e coerência, sem o desejo de querer dar muito mais do que aquilo que existe realmente, sem procurar a cumplicidade do espectador com conceitualizações abstractas, e sem as contaminações de uma violência demasiado exibida e tantas vezes vazia. Ao contrário, Márcia Lança consegue trabalhar a partir de realizações minimais, como o cortar de um homem de papel em pequenos pedaços para depois escondê-lo debaixo de um grande edifício, símbolo do poder. “Dos joelhos para baixo” é o primeiro espectáculo de uma jovem artista que conseguiu encontrar uma linguagem que fascina e faz pensar.”
Fumagalli, A. La cruda delicatezza di un mondo di carta. Jornal do Vie Scena Contemporanea Festival. Modena. 18 Outubro 07.
“O frágil destino da Humanidade contado por homens de papel
É delicado e frágil o espectáculo que a portuguesa Márcia Lança apresentou no festival Vie di Modena. Márcia é jovem, estuda antropologia, circo e dança. Neste espectáculo interroga-se sobre a essência do movimento, o seu registo e o lado obscuro do seu contínuo desaparecimento. Dito isto, em Dos joelhos para baixo não existe nada de evasivo nem de cerebral. Assiste-se a um pequeno espectáculo de figuras, semelhante àqueles que se viam há uns anos no festival Micro Macro em Reggio Emilia. Márcia rasga homens de papel. Coloca-os de pé com fita-cola. Ao redor deles constrói diferentes contextos: uma pequena cidade, uma igreja, uma fábrica, condomínios... Tudo em papel branco, tudo iluminado por simples luzes de mesa-de-cabeceira. Ela, de joelhos, faz de destino. Afoga um homem e depois ressuscita-o, secando-o. Um outro é cortado com a tesoura, e outro ainda sepultado debaixo da igreja ou de um monte de pedras. Mas os pedaços podem ser reagrupados, e tudo pode recomeçar noutro lugar, sem deixar sinais neste mundo retalhado.”
Marino, M. Il fragile destino dell’umanitá raccontato da omini di carta. Corriere della Será. Milão. 19 Outubro 07.
Digressão
2007
Covilhã, Teatro das Beiras, 19 de Maio [Estreia];
Lisboa, Centro Cultural de Belém, 29 e 30 de Setembro;
Modena (Itália), Vie Scena Contemporanea Festival, 15 e 16 de Outubro:
Rennes (França), Festival Mettre en Scène, 15, 16 e 17 de Novembro;
Carthage (Tunísia), Journées Théâtrales de Carthage, 5 e 6 de Dezembro.
2008
Beja, Cine-Teatro Pax Júlia, 24 de Janeiro;
Montemor-o-Novo, Espaço do Tempo, 26 de Janeiro;
Faro, Teatro das Figuras, 15 e 16 de Fevereiro;
Guimarães, Centro Cultural Vila Flor, 7 de Março;
Milão (Itália), Festival Danae, 24 de Abril;
Moita, Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, 12 de Abril;
Saint-Etienne (França), Festival des 7 Collines, 8 e 9 de Julho;
Viseu, Teatro Viriato, 13 e 14 de Novembro;
Almada, Teatro Extremo, 20 de Novembro;
Sesimbra, Cineteatro João Mota, 30 de Novembro.
2009
Lisboa, Museu da Marioneta, FIMFA, 27 de Maio.
2010
Fundão, A Moagem, Escola Secundária do Fundão, 15 de Janeiro;
Torres Novas, Teatro Virgínia, 22 e 23 de Janeiro.
Porto, Teatro do Bolhão, FIMP, 18 de Setembro;
2011
Aveiro, Teatro Aveirense, 3 de Fevereiro;
Torres Vedras, Teatro-Cine, 12 de Fevereiro;
Coimbra, Teatro Gil Vicente (datas a confirmar).